A Desertificação do interior e os Fogos Florestais

[iclass 18]

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Todos temos sentido, direta ou indiretamente o impacto dos incêndios florestais.

Todos temos consciência do impacto negativo dos incêndios florestais na economia do país, na qualidade da nossa paisagem, na vida dos habitantes do interior…

Muito se discute acerca das causas, mas todos compreendemos as consequências.

Será que no passado não existiam incêndios florestais no nosso país ?

Claro que sim: o fogo faz parte da nossa paisagem e por isso mesmo, algumas das plantas da nossa flora autóctone estão preparadas para a sua ocorrência.

Mas então o que se passou ?

1.    A dimensão da propriedade florestal, em cada geração (por partilha em herança) vai sempre diminuindo de área, até atingir dimensões de absoluta impossibilidade de gestão economicamente vantajosa.

2.    Têm sido feitos investimentos no sentido do aumento da área florestada com monoculturas de espécies muito combustíveis (pinheiros e eucaliptos)  por possuírem substâncias que aceleram o incêndio.

3.    O abandono do interior por emigração para o estrangeiro ou para a cidade / o litoral, permitindo a extensão da área florestada aos terrenos agrícolas e perto da habitação e deixando mesmo de existir população para combater os fogos de uma forma imediata.

4.    Não existem técnicos de extensão florestal nos serviços competentes capazes de apoiar e aconselhar os produtores florestais por completo desinvestimento no então Ministério da Agricultura, situação que agora tem vindo a ser suprida quer pelos técnicos dos Gabinetes Técnicos Florestais existentes em algumas autarquias ou das Cooperativas de Produtores Florestais.

Assim sendo, por mais que se desperdice dinheiro no aluguer de aeronaves de combate aos fogos florestais, por mais que se invista em redes de comunicações, que se apoiem corporações de bombeiros voluntários ou sapadores, a floresta continuará a arder…

Existem movimentos vários de solidariedade no sentido de apoiar as populações que perderam as suas casas ou mesmo os seus entes queridos, mas o investimento na reconstituição da floresta tem-se limitado a ações de sementeira / plantação das plântulas que se vão angariando.

Há a necessidade de se realizar uma “Lei das Sesmarias” investindo no emparcelamen-to florestal até se atingir uma dimensão gerível e economicamente viável.

Há a necessidade de se planear a floresta que se quer instalar, restringindo a área de espécies de crescimento rápido aos locais onde estas se mostrem produtivas e não exaurentes, respeitando dimensões dos talhões para prevenir incêndios, e uma correta adaptação à ecologia dos lugares.

Por outro lado, há que dar condições às populações do interior para que a sua qualidade de vida seja elevada, existam idênticas oportunidades e o viver no interior seja competitivo relativamente aos grandes centros urbanos.

A floresta tem de deixar de ser um armazém para passar a ser um recurso natural corretamente gerido.

Muitas ONGs e alguns movimentos têm organizado campanhas relativamente à Floresta Portuguesa do futuro…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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